Os estudos direcionados à realidade amazônica são maximizados com o Pacto Amazônico, considerando-se que os temas do Tratado refletem as necessidades mais imediatas da região, a exigir tratamento jurídico especializado: direito ecológico; direito agrário; direito indígena; direito minerário; direito da navegação (fluvial); direito do comércio exterior; e, direito comunitário. Dai a denominação direito amazônico. Interpretar e aplicar o direito de acordo com o contexto regional.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Segurança alimentar

Pratos vazios: o cenário mundial da segurança alimentar

Em especial na Science, cientistas pedem mudanças radicais na produção agrícola, de modo a suprir a demanda por alimentos em um cenário com população crescente, falta de áreas cultiváveis e aquecimento global.

A estimativa é que a população mundial chegue a 9 bilhões em 2050. Mas, enquanto o número de pessoas não para de crescer, o mesmo não se pode dizer do total de áreas cultiváveis, de água potável e de outros recursos fundamentais para a sobrevivência humana.

A edição da sexta-feira (12/02/2010) da revista Science aborda o tema da segurança alimentar em uma seção especial, com reportagens e artigos produzidos por dezenas de cientistas de diversos países. As conclusões não são boas.

Mesmo com os avanços científicos e nas tecnologias agrícolas, o número de pessoas desnutridas já passou do 1 bilhão. Em um cenário como esse, como fazer para alimentar o mundo sem exacerbar problemas ambientais e, ainda por cima, tendo que lidar com a questão das mudanças climáticas?

Para o painel de cientistas que participou do especial, a resposta está na adoção de medidas radicais na produção de alimentos. Os pesquisadores pedem aos líderes mundiais que “alterem dramaticamente suas noções a respeito de agricultura sustentável de modo a prevenir uma fome de dimensões catastróficas até o fim deste século entre os mais de 3 bilhões de pessoas que vivem próximas à linha do equador”, destacam.

Os pesquisadores clamam que os governantes “superem os conceitos populares contra o uso da biotecnologia agrícola”, particularmente com relação a culturas modificadas geneticamente, de modo a produzir mais em piores condições, e que os países tomem como base de suas regulações no setor os mais avançados trabalhos científicos.

“Estamos diante de uma queda de 20% a 30% na produção agrícola nos próximos 50 anos nas principais culturas entre as latitudes do sul da Califórnia e da Europa e a África do Sul”, disse David Battisti, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e um dos cientistas que participaram do especial na Science.

A produção nas mais importantes culturas agrícolas declina drasticamente quando as temperaturas médias passam dos 30º C, apontam. E as projeções são de que o fim do século, nas regiões tropicais e subtropicais, será de temperaturas mais elevadas do que as mais altas registradas atualmente.

“Estamos cada vez mais preocupados por não saber o que é preciso fazer para alimentar uma população crescente em um mundo que não para de se aquecer”, disse Nina Federoff, conselheira para ciência e tecnologia da secretária de estado norte-americana, Hillary Rodham Clinton, outra autora do especial.

Mesmo sem o fator aquecimento global, segundo Battisti, alimentar uma população que crescerá 30% em 40 anos seria um desafio imenso. “Precisaríamos dobrar a produção atual de grãos nos trópicos”, disse. O problema, afirma, é que o clima mais aquecido reduzirá a produtividade, uma vez que a temperatura elevada reduz a eficiência do processo fotossintético.

Os cientistas estimam que o aumento na temperatura, a queda nas chuvas e o aumento da ação de pestes e patógenos poderão derrubar a produção de alimentos nas regiões tropicais e subtropicais do planeta em pelo menos 20% até 2050. Ou seja, mais gente com muito menos comida.

Os outros autores do especial destacam medidas para tentar enfrentar a situação, tais como desenvolver sistemas que permitam produzir mais com menos terra, energia ou água e reduzir a poluição associada com os pesticidas agrícolas.

Battisti aponta que a chamada “revolução verde” na agricultura resultou em um aumento de 2% na produção anual nos últimos 20 anos, especialmente por meio do uso de novas variedades de plantas e do melhor uso da fertilização e da irrigação.

Mas, apesar desses avanços, há pouca - ou mesmo nenhuma, em muitos lugares - nova terra disponível para plantio. Por conta disso, mais inovações são necessárias para lidar com esse panorama adverso.

“Precisamos de muitas ideias criativas, de um melhor casamento entre biotecnologia e agricultura e de melhor coordenação entre esforços públicos e privados por todo o mundo. Temos que pensar nas demandas de longo prazo por alimentos e nas ramificações ambientais e sociais de como iremos produzi-los”, disse Battisti.

(Por Agência Fapesp, 17/02/2010).

Segurança alimentar

Pratos vazios: o cenário mundial da segurança alimentar

Em especial na Science, cientistas pedem mudanças radicais na produção agrícola, de modo a suprir a demanda por alimentos em um cenário com população crescente, falta de áreas cultiváveis e aquecimento global.

A estimativa é que a população mundial chegue a 9 bilhões em 2050. Mas, enquanto o número de pessoas não para de crescer, o mesmo não se pode dizer do total de áreas cultiváveis, de água potável e de outros recursos fundamentais para a sobrevivência humana.

A edição da sexta-feira (12/02/2010) da revista Science aborda o tema da segurança alimentar em uma seção especial, com reportagens e artigos produzidos por dezenas de cientistas de diversos países. As conclusões não são boas.

Mesmo com os avanços científicos e nas tecnologias agrícolas, o número de pessoas desnutridas já passou do 1 bilhão. Em um cenário como esse, como fazer para alimentar o mundo sem exacerbar problemas ambientais e, ainda por cima, tendo que lidar com a questão das mudanças climáticas?

Para o painel de cientistas que participou do especial, a resposta está na adoção de medidas radicais na produção de alimentos. Os pesquisadores pedem aos líderes mundiais que “alterem dramaticamente suas noções a respeito de agricultura sustentável de modo a prevenir uma fome de dimensões catastróficas até o fim deste século entre os mais de 3 bilhões de pessoas que vivem próximas à linha do equador”, destacam.

Os pesquisadores clamam que os governantes “superem os conceitos populares contra o uso da biotecnologia agrícola”, particularmente com relação a culturas modificadas geneticamente, de modo a produzir mais em piores condições, e que os países tomem como base de suas regulações no setor os mais avançados trabalhos científicos.

“Estamos diante de uma queda de 20% a 30% na produção agrícola nos próximos 50 anos nas principais culturas entre as latitudes do sul da Califórnia e da Europa e a África do Sul”, disse David Battisti, professor da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e um dos cientistas que participaram do especial na Science.

A produção nas mais importantes culturas agrícolas declina drasticamente quando as temperaturas médias passam dos 30º C, apontam. E as projeções são de que o fim do século, nas regiões tropicais e subtropicais, será de temperaturas mais elevadas do que as mais altas registradas atualmente.

“Estamos cada vez mais preocupados por não saber o que é preciso fazer para alimentar uma população crescente em um mundo que não para de se aquecer”, disse Nina Federoff, conselheira para ciência e tecnologia da secretária de estado norte-americana, Hillary Rodham Clinton, outra autora do especial.

Mesmo sem o fator aquecimento global, segundo Battisti, alimentar uma população que crescerá 30% em 40 anos seria um desafio imenso. “Precisaríamos dobrar a produção atual de grãos nos trópicos”, disse. O problema, afirma, é que o clima mais aquecido reduzirá a produtividade, uma vez que a temperatura elevada reduz a eficiência do processo fotossintético.

Os cientistas estimam que o aumento na temperatura, a queda nas chuvas e o aumento da ação de pestes e patógenos poderão derrubar a produção de alimentos nas regiões tropicais e subtropicais do planeta em pelo menos 20% até 2050. Ou seja, mais gente com muito menos comida.

Os outros autores do especial destacam medidas para tentar enfrentar a situação, tais como desenvolver sistemas que permitam produzir mais com menos terra, energia ou água e reduzir a poluição associada com os pesticidas agrícolas.

Battisti aponta que a chamada “revolução verde” na agricultura resultou em um aumento de 2% na produção anual nos últimos 20 anos, especialmente por meio do uso de novas variedades de plantas e do melhor uso da fertilização e da irrigação.

Mas, apesar desses avanços, há pouca - ou mesmo nenhuma, em muitos lugares - nova terra disponível para plantio. Por conta disso, mais inovações são necessárias para lidar com esse panorama adverso.

“Precisamos de muitas ideias criativas, de um melhor casamento entre biotecnologia e agricultura e de melhor coordenação entre esforços públicos e privados por todo o mundo. Temos que pensar nas demandas de longo prazo por alimentos e nas ramificações ambientais e sociais de como iremos produzi-los”, disse Battisti.

(Por Agência Fapesp, 17/02/2010).

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Amazônia - social e econômica

18% das famílias pobres no Brasil vivem na Amazônia Legal

Mais de 24 milhões de pessoas vivem nos Estados do Amazonas, Tocantins, Pará, Acre, Roraima, Mato Grosso, Amapá, Rondônia e Maranhão, que compreendem a Amazônia Legal. Esta quantidade representa 13% da população total brasileira.

Mesmo assim, de acordo com o estudo Presença do Estado no Brasil, Federação, suas Unidades e Municipalidades - lançado ontem (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a região possui 18% das famílias pobres do País.

Segundo a pesquisa, ao todo existem na Amazônia Legal 2.295.021 famílias pobres. O Maranhão é o Estado com mais famílias nessa situação, com cerca de 800 mil, seguido por Pará (600 mil) e Amazonas (260 mil).

O relatório analisou também serviços públicos prestados pelo Estado, como o programa Bolsa Família, a educação e a saúde. Quase duas mil famílias foram atendidas pelo programa Bolsa Família em 2008 na Amazônia Legal, quantidade que representa 18% dos atendimentos em todo o País.

De acordo com o estudo, o Brasil ofereceu 45,7 milhões de matrículas para o ensino médio. A região da Amazônia legal ofereceu cerca de 15% do número total (7,4 milhões). Com relação à saúde, em 2008 foram feitas 1,4 milhão internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Amazônia Legal, e 10,7 milhões no Brasil.

(Fonte: Thais Iervolino, do Amazonia.org.br).

Desigualdade Social

Ipea: concentração de renda é muito maior na região Norte

As regiões Norte e Nordeste do País ainda possuem os maiores índices de pobreza e desigualdade social, de acordo com Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o presidente do Ipea, "há uma concentração de riqueza expressiva muito maior no Norte e, com isso, a desigualdade e a pobreza também são maiores. É necessário haver políticas redistributivas e não apenas distributivas, como acontece atualmente quando o governo do Estado arrecada imposto para a União, que repassa novamente ao Estado. É necessário tirar dos mais ricos para passar aos mais pobres".

Segundo o documento "Pobreza, desigualdade e políticas públicas" apresentado na semana passada, em São Paulo, apesar da possibilidade de se extinguir a pobreza extrema (até ¼ de salário mínimo per capita por mês) em 2016, a desigualdade social tenderá a aumentar.

O documento mostra que de 2003 a 2008, a queda média anual na taxa nacional de pobreza extrema foi de 2,1%. Já a média anual na taxa de pobreza absoluta (até meio salário mínimo per capita) obteve uma diminuição de 3,1%. Isso significa, de acordo com o presidente do Instituto, Marcio Pochmann, que se o País mantiver as políticas sociais atuais, a pobreza absoluta pode chegar a zero.

Porém, segundo o próprio Ipea, essa não é a mesma realidade da desigualdade social enfrentada no Brasil. "A pobreza é um fenômeno que pode ser enfrentado com o crescimento econômico e com medidas de transferência de renda. No caso da desigualdade, ela exige ações mais sofisticadas de redistribuição de renda e, assim, de políticas para reformular a área tributária e não apenas a inserção de programas sociais", explica Marcio Pochmann, presidente do instituto.

Pochmann aponta mais uma barreira para enfrentar a questão. Segundo ele, apesar de a desigualdade ter apresentado queda - a previsão é que ela passe de 54,4% em 2008 para 48,8% em 2016 - o número pode ser bem maior. "Quando questionadas sobre a sua renda, a população - na maioria das vezes - fala apenas sobre os seus salários e ignora outras fontes de renda, como o aluguel. Portanto, o número da desigualdade pode ser muito maior", explica. Por Amazônia.org.br/15/01/2010.

Desigualdade social

Se o Brasil quiser continuar reduzindo a desigualdade de renda precisa mudar o formato da arrecadação de impostos, de modo a garantir, proporcionalmente, que as pessoas pobres paguem menos tributos do que as de renda elevada. Esta é uma das muitas sugestões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no estudo “Pobreza, Desigualdade e Políticas Públicas, divulgado na terça-feira (12/01/2010).

As pessoas que ganhavam até dois salários mínimos em 2003 pagavam 48,9% do seu rendimento em impostos, enquanto aquelas que ganhavam mais de 30 salários gastavam 26,3% da sua renda em taxas, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), usada no estudo.

“O Brasil faz uma política distributiva, na qual os pobres pagam mais e o governo devolve esse dinheiro em ações sociais. Para continuar reduzindo a desigualdade é necessária uma política redistributiva em que a arrecadação seja maior no grupo dos mais ricos”, avaliou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

(Fonte: Agência Brasil, 14/01/2010).

Direito à alimentação

Direito à alimentação e piso salarial de agentes de saúde passam a constar na Constituição

O Congresso Nacional iniciou o ano legislativo de 2010 com a promulgação de duas emendas à Constituição federal de relevante alcance social. Em sessão solene na quinta-feira (04/02/2010), foram promulgadas as emendas constitucionais (EC) que tratam da inclusão da alimentação no rol dos direitos sociais estabelecidos pela Constituição e da regulamentação do piso salarial e do plano de carreira do Agente Comunitário de Saúde (ACS) e do Agente de Combate às Endemias (ACE).

À frente da sessão, o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), comentou que, ao falar em solenidade das Nações Unidas, há 20 anos, já alertava para a questão da fome como um dos maiores dramas mundiais. Lembrou ainda ter defendido na convocação da Assembléia Nacional Constituinte, como presidente da República, a necessidade de se avançar no texto constitucional na garantia dos direitos civis, individuais e sociais.

- Hoje temos a satisfação de ter uma Constituição com um dos melhores capítulos de direitos sociais no mundo - comemorou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), também manifestou sua satisfação em iniciar os trabalhos legislativos de 2010 com a promulgação dessas emendas constitucionais.

- Há muito o Congresso não fazia, no primeiro dia de seus trabalhos, votação de tamanha significação - afirmou.

A Emenda 64 partiu da PEC 21/01, de iniciativa do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que torna a alimentação um direito social previsto pela Constituição, ao lado da educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. No Senado, a matéria foi relatada pelo então senador Sebastião Rocha, hoje deputado federal.

Já a Emenda 63 se originou de proposta de emenda à Constituição (PEC 54/09) que atribuía à União competência para, por meio de lei federal, estabelecer o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os planos de carreira e a regulamentação das atividades de ACS e ACE. Essa proposta foi apresentada pelo deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) e, no Senado, teve como relatora a senadora Patrícia Saboya (PDT-CE). Por Simone Franco, Agência Senado, Congresso Nacional, 04/02/2010.

Sinal verde para garantir qualidade e melhor oferta de alimentos

Proposta será examinada em duas outras comissões

O país poderá ter em breve uma lei destinada a definir a Política Nacional de Abastecimento (PNA). A ideia principal é assegurar a oferta e a qualidade dos alimentos à população e garantir preços mínimos para o produtor rural e condições para que ele possa armazenar e conservar melhor a safra.

Passo decisivo para que isso ocorra foi dado na reunião da quinta-feira (04/02/2010) da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) ao aprovar projeto de lei de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).

A proposta (PLS 51/08) também estimula a formação de estoques reguladores e estratégicos de alimentos e fomenta o consumo de produtos básicos pela população carente, além de garantir o acesso a medicamentos, energia e água potável.

Para que os objetivos da Política Nacional de Abastecimento sejam atingidos, a proposta relaciona uma série de atribuições que deverão ser exercidas pelo poder público, a começar pelo estímulo à agricultura familiar e ao cooperativismo.

Desenvolver tecnologias para reduzir a degradação natural dos ecossistemas; incentivar o consumo de produtos regionais; e assegurar a infraestrutura necessária ao atendimento das populações carentes também faz parte das atribuições do Poder Público para que o PNA tenha sucesso.


(Fonte: http://www.mda.gov.br/portal/tvmda/videos-view?video_id=3718407)

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Direito à Alimentação

Câmara aprova PEC que inclui alimentação entre os direitos sociais

O Plenário aprovou na quarta-feira (03/02/2010), em segundo turno, a PEC 47/03, do Senado, que inclui o direito à alimentação como um dos direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição. A proposta foi à promulgação em sessão do Congresso.

Atualmente, o texto constitucional prevê como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos desamparados.

Segundo o relator da comissão especial que analisou a proposta, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), a inclusão atende a tratados internacionais aos quais o País aderiu, garantindo que as ações de combate à fome e à miséria se tornem políticas de Estado e não estejam sujeitas a mudanças administrativas.

Combate à miséria

Coimbra argumentou que a inclusão do direito à alimentação vai garantir a manutenção ou criação de políticas de apoio aos segmentos vulneráveis e também de políticas de combate à miséria.

Entre essas políticas, ele destacou as de renda; de uso de técnicas de produção sustentáveis; de promoção de práticas de boa alimentação; de garantia de água e alimentação em tempos de crise; e do direito à qualidade nutricional dos gêneros alimentícios.

Direito à Alimentação

Congresso promulga emendas sobre direito à alimentação e piso salarial

O Congresso Nacional realizou no dia (04/02/2010), ao meio-dia, sessão solene para promulgar duas novas emendas constitucionais. Uma delas, a Emenda 63, atribui à União competência para, por meio de lei federal, disciplinar o piso salarial profissional nacional e tratar das diretrizes para agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias.

A outra Emenda inclui o direito à alimentação entre os direitos sociais previstos no Artigo 6º da Constituição.

(Fonte: Da Agência Brasil, 04/02/2010).

Fundiário - CNJ

Mais de R$ 8 milhões serão investidos na regularização de terras no Pará

O acordo firmado em janeiro deste ano entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Governo Federal e o Governo do Pará está em plena fase de implantação. Nesta quinta-feira (11/02), em visita a Belém (PA), o presidente do Conselho, ministro Gilmar Mendes, foi informado que o governo do estado investirá R$ 8,5 milhões na modernização dos cartórios e na criação de um modelo de registro virtual de imóveis. "O Pará será pioneiro no que diz respeito ao quadro de registros virtuais", afirmou o ministro.

O ministro Gilmar Mendes falou sobre a importância de modernização dos registros de imóveis no estado como forma de combater os conflitos fundiários. Segundo o presidente do CNJ, o modelo a ser implantado no Pará será um piloto para toda região da Amazônia Legal. Na ocasião, o ministro Gilmar Mendes sugeriu ao presidente do TJPA a criação de um processômetro relacionado aos conflitos fundiários. Esse processômetro conteria as informações sobre a quantidade de ações, julgamentos e soluções dos conflitos fundiários. "É um claro compromisso nosso", ressaltou o ministro.

A modernização dos cartórios no estado deve ser realizada num prazo de 12 meses. A intenção é padronizar a emissão de títulos de posse e transferência de imóveis, de forma a evitar possíveis fraudes e irregularidades. O projeto prevê que sejam regularizados cerca de 300 mil registros de posse na região.

Mutirão - Para agilizar o julgamento dos crimes decorrentes de conflitos no campo, o CNJ e o TJPA vão realizar a partir de 10 de março o 1º Mutirão de julgamentos dos crimes decorrentes de conflitos no campo. A partir dessa data, será realizado um esforço conjunto com apoio do Ministério Público, Defensoria Pública e Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará, para realização de audiências, tribunais do júri e divulgação de sentenças.

O anúncio dessas medidas foi feito durante solenidade de assinatura de protocolo de intenções para instalação do Projeto Começar de Novo e de três portarias. Uma das portarias, assinada entre o CNJ e o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), instituiu a comissão de monitoramento permanente para resolução dos conflitos fundiários. Essa comissão, deverá se reunir mensalmente e encaminhar relatório trimestral ao CNJ e ao TJPA sobre a situação dos processos fundiários. Na ocasião, o presidente do TJPA, desembargador Rômulo José Ferreira Nunes, assinou duas portarias do tribunal designando os integrantes da comissão de monitoramento (Portaria 288/2010) e designando juízes para auxiliar no trabalho das Varas Penais (Portaria 289/2010).

A solenidade de assinatura do protocolo de intenções e das portarias foi realizada no Hangar do Centro de Convenções, em Belém. O evento contou com a presença da governadora do estado, Ana Júlia Carepa, do conselheiro do CNJ, Milton Nobre, e dos presidentes e representantes dos tribunais de justiça da Amazônia Legal: da Amazônia, do Maranhão, Tocantins, Roraima, Amapá, Acre e Pará.

EN/MM

(Fonte: Agência CNJ de Notícias)

Ambiental - Unidade de Conservação

Supremo mantém validade de decreto que cria estação ecológica no Pará

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal negou, nesta quarta-feira (17), o Mandado de Segurança (MS) 25347, em que a Associação dos Agricultores da Colônia Fernando Velasco pedia a anulação do decreto de 17 de fevereiro de 2005, do Presidente da República, que criou a Estação Ecológica Terra do Meio, localizada nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu, no Pará.

A associação alegava que o processo de criação da área teria sido conduzido de modo "apressado e imaturo", e não teria respeitado a legislação pertinente, não tendo sido realizadas audiências públicas com a população envolvida, nem teria havido, no processo administrativo que precedeu a edição do decreto, o direito ao contraditório e à ampla defesa, estabelecido no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal (CF).

CNA e CNJ

CNJ e CNA assinam acordos para evitar inseguranças jurídicas no campo

Brasília - O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Kátia Abreu, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, durante lançamento do Observatório das Inseguranças Jurídicas no Campo
O Conselho Nacional de Justiça e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) assinaram na terça-feira (09/02/2010), em Brasília, dois acordos de cooperação para o desenvolvimento de ações conjuntas relacionadas ao processo de regularização fundiária no país como também de medidas previstas no Programa Começar de Novo. O programa, desenvolvido pelo CNJ, é voltado à inserção de presos e egressos no mercado de trabalho.

Os acordos representam a conjugação de esforços entre o Conselho e a CNA com o objetivo de garantir mais segurança jurídica no julgamento de processos das áreas fundiária e ambiental. Por meio da Cooperação Técnica 026/2010, que terá vigência de 12 meses, também serão elaborados estudos e normas relacionados a questões fundiárias. A ideia é dar mais efetividade aos processos judiciais e prevenir conflitos na cidade e no campo.

"O CNJ vem participando de uma série de esforços no sentido para contribuir para a solução de conflitos agrários. Daí termos estabelecido esse diálogo no âmbito do Fórum Agrário e firmado parcerias para a solução de questões fundiárias no Pará, por exemplo", destaca o presidente do CNJ, ministro Gilmar Mendes. A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), ressaltou a importância da assinatura do acordo. "É importante que o Judiciário invista em infraestrutura e modernização para que ele possa prestar um serviço jurisdicional melhor e, consequentemente, atender aos interesses da sociedade e do país", disse a presidente da CNA, a senadora Kátia Abreu.

No último dia 26/01, o Conselho Nacional de Justiça, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) e o governo do estado firmaram acordo de cooperação para reorganizar e modernizar as unidades de registro de imóveis naquele Estado. O objetivo da parceria é dar agilidade à regularização de terras no estado. "Agora, a CNA se junta ao esforço do CNJ e dos demais fóruns envolvidos com essa questão", completa o ministro.

Já a Cooperação Técnica 025/2010 - estabelecida entre o CNJ, a CNA e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) - prevê a adoção de medidas voltadas à criação de vagas de trabalho e cursos de capacitação profissional para presos, egressos, cumpridores de penas alternativas e adolescentes em conflito com a lei.

O acordo, também com vigência de 12 meses, está inserido no Programa Começar de Novo e tem como um dos principais objetivos diminuir a reincidência criminal. A parceria ainda permitirá, ao CNJ, aprimorar a alimentação do Portal de Oportunidades, que atualmente oferece 298 vagas de trabalho e 1.070 vagas em diferentes cursos aos beneficiários do Começar de Novo. "Estamos fazendo um trabalho de forma coordenada com outros órgãos. Por isso, acredito que estamos avançando significativamente em questões como essa. E de forma pacífica", enfatiza o ministro Gilmar Mendes.

As parcerias foram firmadas durante cerimônia de lançamento do Programa Observatório das Inseguranças Jurídicas no Campo. Na ocasião, o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal de Justiça (STF), ministro Gilmar Mendes, fez palestra sobre Modernização do Judiciário Brasileiro.

Observatório - O Observatório das Inseguranças Jurídicas no Campo faz parte do Núcleo de Pesquisas Estratégicas do Instituto CNA e será responsável pelo mapeamento das chamadas "ameaças ao direito de propriedade". As informações, que serão fornecidas pelas federações da Agricultura nos estados e pelos sindicatos do segmento nos municípios, serão consolidadas pela CNA e estarão disponíveis aos órgãos do Judiciário e do Executivo.

A ideia é que, a partir dessa rede de informações, o governo e a sociedade tomem conhecimento das iniciativas que coloquem em risco o desenvolvimento econômico e social do país, como as invasões de propriedades públicas e particulares. Os dados compilados pelo Observatório serão divulgados na página da CNA na internet (canal do produtor).

(Fonte: site do CNJ).

Fundiário - desembargador

UNIÃO
Juiz decide que fazendas de desembargador pertencem à União


A decisão da Justiça Federal foi publicada na última sexta-feira
ANDREZZA TRAJANO

O juiz Atanair Nasser, da 2ª Vara Federal, garantiu ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), imissão na posse das fazendas ocupadas pelo deputado federal Chico Rodrigues (DEM), em São Luis do Anauá, e pelo desembargador Robério Nunes dos Anjos, em Mucajaí. No entendimento da Justiça, as terras vinham sendo utilizadas irregularmente.

A decisão foi publicada na edição de nº 30 do Diário Eletrônico da Justiça Federal, no último dia 12, e ainda cabe recurso. Em ambos os casos, o magistrado rejeita indenização aos réus pelas benfeitorias construídas nos imóveis rurais. Ainda condenou-os ao pagamento das custas processuais.

Ele reconheceu o domínio da União sobre as áreas caracterizadas por partes das glebas Baliza e Jauaperi, no caso do parlamentar; e gleba Caracaraí, em relação ao desembargador. Igualmente julgou procedente a desocupação da área, sem direito algum de retenção sobre a posse.

Em referência ao deputado Chico Rodrigues, a sentença atinge três fazendas situadas na BR-210 e vicinais 14 e 17, no município de São Luís do Anauá, na região sul de Roraima. As propriedades ocupam 30 lotes do Projeto de Assentamento Rápido Jauaperi.

Consta que quando a ação foi ajuizada, em 2005, toda a área era ocupada pelo parlamentar, passando de 2 mil hectares de terra. A propriedade chama-se Cacimba Nova.

Até a retomada do imóvel, ocorrida em fevereiro do ano passado, após decisão proferida pela desembargadora Selene Maria de Almeida, do TRF (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), Rodrigues ocupava a área que fica na BR-210 e que englobava cinco lotes de terra.

A segunda fazenda, na vicinal 14, era ocupada pelo irmão do deputado, Miguel Rodrigues. Já a terceira fazenda, a maior delas, com 17 lotes e que chega à margem do rio Anauá, foi vendida a um promotor de justiça.

Quanto ao desembargador Robério Nunes, a decisão é sobre a propriedade intitulada Fazendas Reunidas. Ela possui cerca de 3.400 hectares e parte dela está localizada no Projeto de Assentamento Apiaú, no Município de Mucajaí, na gleba Caracaraí.

A Reunidas possui inúmeras benfeitorias, como casas, curral, pastagens e produção de animais. A fazenda fica distante aproximadamente 22 quilômetros da sede do município.

Neste caso, o juiz federal determinou o cumprimento da sentença no prazo de 60 dias para desocupação do imóvel e retirada de todas as benfeitorias nele encontradas.

OUTRO LADO – Procurado pela Folha, o advogado Bernardino Dias, que defende o desembargador Robério Nunes, disse que “até o presente momento não tem conhecimento do teor da sentença, mas que irá recorrer, pois acredita na reforma da decisão”.

A reportagem não conseguiu localizar o deputado federal Chico Rodrigues pelo telefone celular nem por outros telefones que constam como sendo de familiares. Também não conseguiu falar com nenhum dos advogados que atua na causa.

Quando teve a fazenda Cacimba Nova retomada pelo Incra, o parlamentar negou à época, que fosse proprietário de 2 mil hectares de terras em um Projeto de Assentamento. Disse ainda que transformou a propriedade em produtiva e lamentou a política adotada pelo governo federal sobre o respeito a propriedade.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 18 de fevereiro de 2010).

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Amazônia - social e econômica

18% das famílias pobres no Brasil vivem na Amazônia Legal

Mais de 24 milhões de pessoas vivem nos Estados do Amazonas, Tocantins, Pará, Acre, Roraima, Mato Grosso, Amapá, Rondônia e Maranhão, que compreendem a Amazônia Legal. Esta quantidade representa 13% da população total brasileira.

Mesmo assim, de acordo com o estudo Presença do Estado no Brasil, Federação, suas Unidades e Municipalidades - lançado no dia (15/01/2010) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a região possui 18% das famílias pobres do País.

Segundo a pesquisa, ao todo existem na Amazônia Legal 2.295.021 famílias pobres. O Maranhão é o Estado com mais famílias nessa situação, com cerca de 800 mil, seguido por Pará (600 mil) e Amazonas (260 mil).

O relatório analisou também serviços públicos prestados pelo Estado, como o programa Bolsa Família, a educação e a saúde. Quase duas mil famílias foram atendidas pelo programa Bolsa Família em 2008 na Amazônia Legal, quantidade que representa 18% dos atendimentos em todo o País.

De acordo com o estudo, o Brasil ofereceu 45,7 milhões de matrículas para o ensino médio. A região da Amazônia legal ofereceu cerca de 15% do número total (7,4 milhões). Com relação à saúde, em 2008 foram feitas 1,4 milhão internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Amazônia Legal, e 10,7 milhões no Brasil.

(Fonte: Thais Iervolino, do Amazonia.org.br).

Amazônia

Ipea: concentração de renda é muito maior na região Norte

As regiões Norte e Nordeste do País ainda possuem os maiores índices de pobreza e desigualdade social, de acordo com Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o presidente do Ipea, "há uma concentração de riqueza expressiva muito maior no Norte e, com isso, a desigualdade e a pobreza também são maiores. É necessário haver políticas redistributivas e não apenas distributivas, como acontece atualmente quando o governo do Estado arrecada imposto para a União, que repassa novamente ao Estado. É necessário tirar dos mais ricos para passar aos mais pobres".

Segundo o documento "Pobreza, desigualdade e políticas públicas" apresentado na semana passada, em São Paulo, apesar da possibilidade de se extinguir a pobreza extrema (até ¼ de salário mínimo per capita por mês) em 2016, a desigualdade social tenderá a aumentar.

O documento mostra que de 2003 a 2008, a queda média anual na taxa nacional de pobreza extrema foi de 2,1%. Já a média anual na taxa de pobreza absoluta (até meio salário mínimo per capita) obteve uma diminuição de 3,1%. Isso significa, de acordo com o presidente do Instituto, Marcio Pochmann, que se o País mantiver as políticas sociais atuais, a pobreza absoluta pode chegar a zero.

Porém, segundo o próprio Ipea, essa não é a mesma realidade da desigualdade social enfrentada no Brasil. "A pobreza é um fenômeno que pode ser enfrentado com o crescimento econômico e com medidas de transferência de renda. No caso da desigualdade, ela exige ações mais sofisticadas de redistribuição de renda e, assim, de políticas para reformular a área tributária e não apenas a inserção de programas sociais", explica Marcio Pochmann, presidente do instituto.

Pochmann aponta mais uma barreira para enfrentar a questão. Segundo ele, apesar de a desigualdade ter apresentado queda - a previsão é que ela passe de 54,4% em 2008 para 48,8% em 2016 - o número pode ser bem maior. "Quando questionadas sobre a sua renda, a população - na maioria das vezes - fala apenas sobre os seus salários e ignora outras fontes de renda, como o aluguel. Portanto, o número da desigualdade pode ser muito maior", explica.

(Fonte: Amazônia.org.br/15/01/2010.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Ambiental - Unidade de Conservação

PARQUE NACIONAL DO LAVRADO
Estado faz contrapropostas baseadas em estudo técnico

Alcir Gursen De Miranda: “Vamos publicar e distribuir o documento às autoridades”

ÉLISSAN PAULA RODRIGUES

Um estudo técnico realizado por uma equipe multiprofissional composta por um antropólogo, advogado, sociólogo, e coordenado pelo presidente da Academia Brasileira de Letras Agrárias, juiz Alcir Gursen De Miranda, deve subsidiar o Estado nas contrapropostas apresentadas a União em torno da criação da unidade de conservação ambiental conhecida como Parque Nacional do Lavrado.

Conforme a análise feita pelos técnicos, a Serra do Tucano, a Pedra Pintada e a área indígena Raposa Serra do Sol, seriam regiões propícias para a localização da unidade de conservação e causariam menos transtornos que a Serra da Lua, no município do Bonfim, local pretendido pelo Governo Federal. Todas as três áreas citadas constam nos primeiros estudos para a criação da unidade de conservação do lavrado, iniciados em 2004, pelo Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturas Renováveis) e Instituto Chico Mendes.

O estudo, segundo Gursen De Miranda, ficou pronto há cerca de trinta dias, e há duas semanas foi entregue ao governo, que deve utilizar o resultado para subsidiar ações administrativas e judiciais, em busca de uma solução para a problemática. “Também estamos trabalhando na edição para publicação e distribuição a autoridades para possível articulação em torno de ações que possam surgir dessa demanda”, frisou, lembrando que o estudo tem 166 páginas.

De acordo com o grupo técnico, a Serra do Tucano, tem a vantagem de ficar na mesma região da Serra da Lua, área pretendida pela União, e ainda o fato de ser uma área do Exército onde não há presença de nenhuma família, e também ser formada pelo bioma lavrado. “Além de desocupada não possui nenhum problema fundiário”, cita. Além de todos esses detalhes, foi uma das áreas escolhidas pelo relatório gerado que sugeriu o Parque Nacional Lavrado.

Já a Pedra Pintada, segundo o estudo, representa área importante para proteção do lavrado, com valores similares de heterogeneidade, apesar de características paisagísticas distintas, além dos evidentes sítios arqueológicos. Outro ponto destacado é o fato de estar na área indígena São Marcos, logo, sem problema fundiário e social, pela inexistência de fazendas ou qualquer outro tipo de ocupação de não índios.

Por fim, a outra proposta é a terra indígena Raposa Serra do Sol, que representa bem o bioma do lavrado, e que teria a vantagem de não ter que desalojar nenhuma família, causando sérios transtornos sociais.

DADOS – No estudo de criação da Unidade de Conservação do lavrado, iniciado em 2004, os técnicos chegaram a reconhecer o ‘grande percentual de áreas protegidas federais em Roraima’, e por isso, concordam que a área pretendida deve ter a menor ocupação possível, com o objetivo de minimizar conflitos sociais. Inicialmente a ampliação da área pretendida dos iniciais 61 mil hectares subiu para 83 mil, avaliados pelo grupo de trabalho, mas a quantidade de terra divulgada foi 155 mil hectares.

Outros tópicos ressaltados pelo estudo tratam da afirmação do Governo Federal de que após a homologação da área indígena Raposa Serra do Sol não haveria criação ou ampliação de áreas federais em Roraima. Entretanto, ainda assim, o decreto assinado no dia 28 de janeiro do ano passado, e que trata da transferência para o Estado de terras em poder da União, versa sobre unidades de conservação do ambiente pelo Governo Federal em território roraimense, em processo de instituição, e lá cita a unidade de conservação do lavrado, entretanto não define a localização.

Atualmente, Roraima possui nove áreas criadas no estado sendo três estações ecológicas, duas florestas nacionais e uma reserva florestal, com área de mais de 3 milhões de hectares de preservação do ambiente.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 10 de fevereiro de 2010).

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Ambiental - Unidade de Conservação

MPF/PA quer parar atividades irregulares perto de reservas ambientais no Trombetas.

Secretaria de Meio Ambiente do Pará permitiu retirada de areia e usina de asfalto perto de duas unidades de conservação sem pedir a autorização obrigatória ao chefe das unidades

A Secretaria de Meio Ambiente do Pará recebeu uma recomendação do Ministério Público Federal no estado (MPF/PA) para que cancele imediatamente as licenças concedidas para cinco empreendimentos econômicos nas proximidades da Floresta Nacional Saracá-Taquera e da Reserva Biológica do Trombetas, ambas no rio Trombetas, noroeste do Pará.

A recomendação dá prazo de dez dias para que as licenças sejam canceladas. Inicialmente, afetará quatro licenças concedidas à Mineração Rio do Norte para extração de areia, captação e uso de água subterrânea e uma em favor da Martop Construções Terraplanagem Ltda, para usina de asfalto móvel. As licenças são irregulares porque não houve o pedido de autorização obrigatório ao chefe das unidades de conservação, controladas pelo Instituto Chico Mendes.

O MPF/PA solicitou informações sobre outras licenças para atividades perto das unidades de conservação do Trombetas, mas não recebeu resposta do secretário de Meio Ambiente. Por segurança, a recomendação prevê também que quaisquer licenças na área de influência das reservas devem ser canceladas.

A recomendação alerta a Secretaria de Meio Ambiente que a autoridade que concede licenças em desacordo com a legislação ambiental está incorrendo em crime. No caso em questão, a legislação determina que, para licenciar qualquer empreendimento econômico num raio de dez quilômetros a partir dos limites das unidades de conservação, é exigida autorização.

A Flona Saracá-Taquera e a Reserva Biológica do Rio Trombetas são adjacentes e juntas compõem cerca de 800 mil hectares do bioma amazônico. Desde 2002 a gestão dessas unidades foi unificada, com uma chefia única e compartilhamento dos recursos humanos e materiais disponíveis.

De acordo com o ICMBio, entre as características da região está a forte presença de comunidades remanescentes de quilombos, que se distribuem ao longo do rio Trombetas.

(Fonte: MPF - Ministério Público Federal, 15/10/2009).

Ambiental - Unidade de Conservação

Justiça suspende exploração econômica de floresta nacional no Pará

Localização da FLONA Saracá-TaqueraA Justiça Federal suspendeu a licitação para exploração econômica da Floresta Nacional (Flona) Saracá-Taquera, que fica no oeste do Pará. A decisão foi tomada devido a presença de comunidades ribeirinhas e quilombolas na área compreendida pela floresta.

A floresta está localizada nos municípios de Faro, Terra Santa e Oriximiná. A suspensão só será cancelada se a União fizer a identificação e delimitação dos territórios das famílias quilombolas e ribeirinhas que ocupam a região e se o plano de manejo da floresta for revisto de forma a respeitar as áreas de todas as comunidades.

A suspensão do processo de concessão da exploração econômica da Flona Saracá-Taquera foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) no Pará, em novembro, mas só foi analisada na última semana. O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SBF), Antônio Carlos Hummel, ainda não recebeu a notificação da decisão, mas, caso não cumpra a determinação judicial, Hummel terá que pagar multa diária de R$ 50 mil.

O MPF no Pará informou, ainda, que a licitação foi iniciada sem que o território quilombola tivesse sido identificado e delimitado pelo órgão responsável, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

(Fonte: Agência Brasil/29/01/2010).

Ambiental - imprescritibilidade

Reparação de danos ao meio ambiente é imprescritível, diz ministra do STJ

A ministra Eliana Calmon ressaltou que a Constituição de 1988 confere natureza especial ao direito ao meio ambiente, uma vez que seu dano oferece grande risco a toda humanidade.

A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que pedido de reparação de danos causados ao meio ambiente é imprescritível, seguindo o voto da ministra Eliana Calmon. A decisão, dentre outras relatadas pela ministra em 2009, ocorreu no julgamento de recurso especial em ação civil pública com pedido de reparação por prejuízos materiais causados por particulares à comunidade indígena Ashaninka-Kampa do rio Amônia, no Acre. Os danos materiais e morais decorreram da extração ilegal de madeira (mogno e cedro) da área indígena.

A ministra Eliana Calmon ressaltou que a Constituição Federal de 1988 tratou de conferir natureza especial ao direito ao meio ambiente, uma vez que seu dano oferece grande risco a toda humanidade. Assim, o direito ao pedido de reparação de danos ambientais está protegido pela imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial a afirmação dos povos, independentemente de estar expresso ou não em texto legal.

Tanto o Tribunal de Justiça do Acre quanto o STJ mantiveram a condenação estabelecida em primeiro grau. Os dois particulares devem pagar indenização no valor de R$ 4,46 milhões que serão aplicados em benefício da comunidade indígena pela Funai. Também devem pagar R$ 5,92 milhões ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos a título de custeio de recomposição ambiental. O pedido de redução desses valores foi negado porque os recorrentes fizeram apenas alegações genéricas de que a quantia era excessiva, sem atacar especificamente os fundamentos adotados pelo juízo de primeiro grau.

Em outra ação civil pública, a primeira instância decidiu que o novo proprietário de imóvel que sofreu dano ambiental também é responsável pela reparação do dano, mesmo que ele tenha sido causado pelo antigo proprietário. A ação foi movida pelo Ministério Público de Goiás contra Furnas Centrais Elétricas S/A e Alvorada Administração e Participações S/A. O objetivo era recuperar a área degradada pela construção de usina hidrelétrica e obter indenização pelos danos causados ao meio ambiente.

Furnas recorreu ao STJ alegando que seria parte ilegítima no processo porque não foi a causadora do dano. A relatora, ministra Eliana Calmon, em mais um voto que se destacou em 2009, ressaltou que a responsabilidade por danos ao meio ambiente além de ser objetiva, é também solidária. Além disso, ficou comprovado que Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica. Com essas considerações, a Turma manteve a condenação das duas empresas, que devem reparar o dano.

(Fonte: Ecoagência, 20/01/2010).

Forum INCRA

Incra reúne especialistas para discutir Reforma Agrária, Direito e Justiça


O Incra inaugurou quarta-feira (03/02/2010), às 15 horas, em Brasília, a primeira reunião do Fórum de debates criado para discutir a execução da reforma agrária em seus aspectos jurídicos. “A efetivação da reforma agrária passa pelas decisões judiciais e pelo julgamento rápido de processos, por isso o papel do Direito e da Justiça neste contexto é fundamental”, resume a procuradora-geral da autarquia, Gilda Diniz dos Santos. O evento foi realizado na sede nacional do Incra e contou com a participação do presidente do instituto, Rolf Hackbart.

O Fórum é composto por 21 especialistas no tema, como técnicos, procuradores federais e juízes (confira a lista abaixo). Os membros foram convidados a partir da experiência acumulada de cada um com o tema do Direito Agrário e os desafios jurídicos da reforma agrária. Entre eles estão o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva, o juiz Marcelo Berthe, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a presidente da Associação Brasileira de Direito Agrário (ABDA), Maria Célia dos Reis e o presidente da Academia Brasileira de Letras Agrárias, Gursen De Miranda.

Foram discutidos diversos temas e definidos quatro para atuação imediata do Forum: função social da terra - consequencias jurídicas; posse agrária; justiça agrária e ordenamento fundiária (limitações e estrangeiros). Para o tema Justiça Agrária foi decidido a realização de um seminário em parceria com o Conselho Nacional de Justiça.

A metodologia do Fórum se bifurca em debates e produção teórica sobre os temas em pauta. Os encontros serão periódicos, com intervalos de 45 dias. “Ao final, pretendemos ter em mãos instrumentos que melhorem a atuação do poder público e dêem mais consistência jurídica ao exercício das principais funções do Incra”, adianta a procuradora-geral.


Reunião Inaugural do Fórum Incra 40 anos: Reforma Agrária, Direito e Justiça
Local: Incra (sede nacional) – Edifício Palácio do Desenvolvimento, Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco D, 18º andar – Brasília (DF)
Data: quarta-feira, 03 de fevereiro de 2010
Horário: 15 horas

Membros do Fórum Incra 40 anos: Reforma Agrária, Direito e Justiça

Sebastião Azevedo – ex-procurador chefe e ex-presidente do Incra
Isabela Lemos – ex-procuradora chefe do Incra
Valdez Adriani – ex-procurador chefe do Incra
Carlos Marés – ex-procurador chefe do Incra
Amélia Caracas – ex-subprocuradora chefe do Incra
Célia Cavalcante – ex-subprocuradora chefe do Incra
Maria Célia do Reis – presidente da Associação Brasileira de Direito Agrário (ABDA)
Marcelo Martins Berthe – juiz Auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e coordenador do Fórum para Monitoramento e Resolução de Conflitos Fundiários do CNJ
André Dantas – consultor jurídico do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
Marcela Albuquerque – ex-consultora jurídica do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
Juvelino Ney Strozake – representante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renaap)
Alcir Gursen De Miranda – juiz de Direito de Roraima e presidente da Academia Brasileira de Letras Agrárias
Gilmar Amaral – diretor presidente da Associação Nacional dos Engenheiros Agrônomos do Incra (Assinagro)
Geisa Oliveira – procuradora regional da SR 12/ MA (Incra / MA)
André Luiz Vieira Duarte Silva – procurador regional da SR 11/ RS (Incra / RS)
Carlos Valadares – procurador regional da SR 05/ BA (Incra / BA)
Junior Divino Fidelis – procurador regional da SR 26 / TO (Incra / TO)
John Ericsson Formiga Cartaxo – procurador regional da SR-29 / MSF (Incra / Médio São Francisco – PE)
Maria Cecília Ladeira de Almeida – procuradora regional da SR 08 / SP (Incra / São Paulo)
Silvia Teresa Menezes – procuradora regional da SR 25 / RR (Incra / RR)
Gercino José da Silva – Ouvidor Agrário Nacional

Água

Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia

Estima-se que cada embarcação seja abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Médio.

Por Chico Araújo

Brasília – É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”. Empresas internacionais até já criaram novas tecnologias para a captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.

Conforme a revista, a captação geralmente é feita no ponto que o rio deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Médio. Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil, considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US$ 1,50).

Anos atrás, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta. Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o crime batizado de hidropirataria. Para a revista Consulex, “essa prática ilegal não pode ser negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vista que são considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio (CF, art. 20, III).

Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União. A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.

Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio carregando milhões de litros de água.

Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no transporte transatlântico de água: as bolsas de água. A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à dos superpetroleiros”. Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por embarcações rebocadoras convencionais.

Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso. Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais.

Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.

O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.

Águas amazônicas

Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.

A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas. A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.

A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.

Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus. Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:

O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potável. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.

O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.

Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos. “Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.

A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico. “Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.

Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria relativamente pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes. “Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de se levar apenas água doce”, comentou.

Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território amazônico. “Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.

Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume são de água doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas subterrâneas. Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.

A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes.

Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.

Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais.

Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.

As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos.


Fonte: EcoAgência.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Indígena - demarcação

AMPLIAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS
Gilmar Mendes afirma que condições feitas pelo STF devem ser cumpridas


Gilmar Mendes: “No julgamento da Raposa Serra do Sol o tribunal foi bastante enfático e decidiu em relação a novas ampliações de áreas”

ANDREZZA TRAJANO

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, disse ontem a imprensa durante visita a Roraima, que as 19 condições impostas pela Corte no julgamento sobre a legalidade da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, devem ser respeitadas.

A afirmação foi após ser questionado pela reportagem quanto a aplicação das ressalvas diante de novas crises instaladas no Estado, que envolvem a causa indígena. Ele evitou se aprofundar no assunto, mas enfatizou que as condicionantes são “um estatuto da demarcação de terra indígena no Brasil”.

Recentemente, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) anunciou ser contrário à construção de uma hidrelétrica no rio Cotingo, em Uiramutã, dentro da reserva Raposa Serra do Sol, que tiraria Roraima da dependência energética estrangeira.

Outra questão, e que está em litígio, é o pedido feito pela Funai de ampliação da terra indígena Serra da Moça, que englobaria parte do Projeto de Assentamento Nova Amazônia, na zona rural de Boa Vista. Inclusive, recentemente, o STF concedeu liminar favorável ao governo do estado, decidindo provisoriamente pela manutenção dos assentamentos já realizados na área e proibindo o acesso de novos grupos indígenas ao local.

“No julgamento da Raposa Serra do Sol o tribunal foi bastante enfático e decidiu em relação a novas ampliações de áreas”, frisou, acrescentando que a discussão sobre a questão energética também está inserida nas condições.

CONDIÇÕES – As 19 condições estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal regulam a situação nos territórios da União ocupados por índios, e garantem a soberania nacional sobre as terras demarcadas.

A condição de nº 5 diz que “o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da Política de Defesa Nacional. A instalação de bases, unidades e postos militares e demais intervenções militares, a expansão estratégica da malha viária, a exploração de alternativas energéticas de cunho estratégico e o resguardo das riquezas de cunho estratégico a critério dos órgãos competentes (o Ministério da Defesa, o Conselho de Defesa Nacional) serão implementados independentemente de consulta a comunidades indígenas envolvidas e à Funai”.

Já a condição de nº 17 resume, aparentemente, a discussão sobre a reserva Serra da Moça. “É vedada a ampliação da terra indígena já demarcada”.

Questões relevantes para Roraima não foram debatidas durante visita

Apesar de existirem quatro ações protocoladas pelo governo de Roraima junto a Suprema Corte, e que necessitam de apreciação urgente, não houve qualquer agenda para discutir estes assuntos durante a visita de Gilmar Mendes ao Estado. Tampouco as demandas locais fazem parte da pauta de julgamento importantes do STF, apresentadas no início do ano.

As ações tratam sobre a desobstrução da passagem de não-índios entre os rios Jauaperi e Macucuaú na terra indígena Waimiri-Atroari, localizada entre os estados do Amazonas e Roraima; o fechamento parcial da BR-174 na divisa entre o Amazonas e Roraima durante a noite, no trecho que fica dentro da reserva indígena Waimiri-Atroari; a demarcação da terra indígena Anaro em relação às extensões da Fazenda Topografia, no município de Amajari e a expansão da terra indígena Serra da Moça.

Segundo Mendes, os processos, em geral, “dependem da verificação por parte de cada relator e do seu estágio de desenvolvimento”. “Então é o relator que pede a pauta e, havendo, o processo irá a julgamento. Mas eu não sei em que estágio se encontram”, disse.

Quanto a outra discussão atual, que envolve a criação do Parque Nacional do Lavrado, no município de Bonfim – que será a 9ª reserva ambiental em Roraima -, o ministro disse que a questão precisa ser conduzida politicamente pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 08 de fevereiro de 2010).

Ambiental - Legislação

CÓDIGO AMBIENTAL
Relator diz ser preciso compatibilizar meio ambiente com desenvolvimento

Foto: Charles Bispo

Mais de 100 pessoas participaram da audiência pública sobre o Código Ambiental

WILLAME SOUSA

Para o deputado federal pelo Estado de São Paulo Aldo Rebelo (PC do B), um dos principais desafios hoje é conciliar desenvolvimento e preservação ambiental, daí a necessidade de se discutir amplamente qualquer norma que aborde tais temas.

O parlamentar é relator do projeto do Código Ambiental Brasileiro, que pode ser votado em abril pela Câmara Federal e esteve presente, na manhã de sábado, no auditório do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em audiência pública. O objetivo era discutir a questão com produtores, entidades de preservação ambiental, representantes de associações e de índios e políticos. Mais de 100 pessoas compareceram ao local.

Dentre os discursos mais ouvidos estavam a reclamação da interferência de Organizações Não-Governamentais (ONGs) no país, a tendência da cobertura da mídia em enfocar exageradamente o aquecimento global e a diferença de produção agrícola entre Amazônia, que ocupa cerca de 60% do território nacional e estados do Sudeste e Sul.

Conforme Rebelo, a situação de Roraima é peculiar quando comparada às demais unidades da Federação, em virtude da grande contribuição que já teria dado à preservação ambiental é dos entraves que ainda impedem o desenvolvimento agropecuário local. Para ele, não seria possível impor tantas restrições a regiões que já dispõe de áreas amplas preservadas.

“Creio que a audiência pública de Boa Vista vai apontando como uma das mais importantes e reveladoras de todas que fizemos pelo Brasil, por causa das condições específicas de Roraima. É preciso compatibilizar em Roraima o meio ambiente com o desenvolvimento, que também é necessário para a população do Estado. A audiência foi muito proveitosa porque nós ouvimos os índios, trabalhadores da agricultura, produtores rurais, órgãos ambientais do estado e município”, afirmou ele.

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima (Faerr), Almir Sá, ressaltou a necessidade de se resolver a questão ambiental no país. Na opinião dele, esta proposta de código ambiental que tramita na Câmara contribuiria consideravelmente para solucionar problemas enfrentados atualmente pelos produtores, que não disporiam de normas que se adéquem às próprias necessidades. “Precisamos aprovar o mais urgente possível este código, porque elimina dezenas de decretos e códigos ultrapassados”, afirmou Sá.

Quanto à aprovação do projeto, que deve ser votado em abril, Rebelo demonstrou confiança, embora tenha ressaltado que isto é algo que não depende apenas dele, o relator. “O Brasil precisa proteger o próprio desenvolvimento e o meio ambiente. No final, vou ter que compatibilizar estas duas preocupações. Vou elaborar e apresentar o relatório. Mas, a aprovação depende dos outros deputados, porém, creio que vão levar em conta o relatório e possamos ter apoio político para aprová-lo”, acrescentou o parlamentar.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 08 de fevereiro de 2010).

Ambiental - Zoneamento

Brasil, 04 de fevereiro de 2010

Macrozoneamento da Amazônia entra em consulta pública

Vista aérea da Floresta Amazônica
Um novo modelo de exploração dos recursos naturais e do uso do solo da região amazônica. Isso é o que propõe o documento-base do ZEE - Macrozoneamento Ecológico e Econômico da Amazônia, disponibilizado para consulta pública na internet a partir da última quarta-feira (27/01/2010).

O prazo final para as sugestões a serem feitas pela sociedade civil vai até 6 de março. O Macro ZEE da Amazônia é um instrumento de planejamento e gestão ambiental e territorial estabelecido na Política Nacional do Meio Ambiente. Sua principal proposta é promover a transição do padrão econômico atual para um modelo de desenvolvimento sustentável na região, capaz de contemplar as diferentes realidades e prioridades de territórios da Amazônia.

O texto aborda os desafios desta transição e indica estratégias de adequações de diferentes setores da economia, como o energético e mineral, o planejamento integrado de infra-estrutura e logística, bem como o territorial rural e urbano, proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos, agricultura e mudanças climáticas na Amazônia.

Ao reconhecer a diversidade complexa das diferentes áreas da região, a comissão que criou o plano interpretou a realidade da Amazônia a partir de 10 unidades territoriais - grandes áreas divididas por características semelhantes. Cada uma foi nomeada com a principal estratégia elaborada para a promoção de seu desenvolvimento, e o plano prevê ainda a recuperação dos passivos ambientais e reversão das trajetórias produtivas que provocaram impactos socioambientais.

Um dos pontos centrais do documento preliminar também aponta o esgotamento do modelo baseado na expansão das fronteiras agropecuárias, e sugere sua substituição em prol da fronteira do capital natural, ou seja, atividades oriundas das riquezas naturais, como extração de produtos da biodiversidade, indústria madeireira certificada, ecoturismo, piscicultura e aquicultura.

Em alguns lugares, a agricultura não será suplantada, mas não será expandida. A orientação do ZEE é o uso mais produtivo e intensificado das áreas já abertas, que deve ser complementado com um programa de recuperação das diversas áreas degradadas. Outro ponto importante do ZEE é a orientação da iniciativa privada em relação aos investimentos e planejamentos de suas atividades.

A equipe de elaboração pretende aprovar o documento final durante a primeira quinzena de março,quando a proposta definitiva será encaminhada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, à sanção do presidente Lula.

Para acessar o documento preliminar do Macro ZEE da Amazônia, acesse a página: http://www.mma.gov.br/zee.

Fonte: Em Questão/28/01/2010.

Macrozoneamento Econômico e Ecológico da Amazônia entra em consulta pública

Sua principal função é promover a transição do padrão econômico atual para um modelo de desenvolvimento sustentável na região, capaz de contemplar as diferentes realidades e prioridades de territórios da Amazônia

Um novo modelo de exploração dos recursos naturais e do uso do solo da região amazônica. Isso é o que propõe o documento-base do Macrozoneamento Ecológico e Econômico (ZEE) da Amazônia que foi disponibilizado para consulta pública na internet desde quarta-feira (27/01/2010). O prazo final para as sugestões a serem feitas pela sociedade civil vai até 06 de março.

O Macro ZEE da Amazônia é um instrumento fundamental de planejamento e gestão ambiental e territorial estabelecido na Política Nacional do Meio Ambiente. Sua principal proposta é promover a transição do padrão econômico atual para um modelo de desenvolvimento sustentável na região, capaz de contemplar as diferentes realidades e prioridades de territórios da Amazônia.

O texto aborda os desafios desta transição e indica estratégias de adequações de diferentes setores da economia, como o energético e mineral, o planejamento integrado de infra-estrutura e logística, bem como o territorial rural e urbano, proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos, agricultura e mudanças climáticas na Amazônia.

A proposta preliminar do documento foi elaborada pela Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico e Econômico do Território Nacional (CCZEE), apoiada pelo Consórcio ZEE Brasil e composta por 14 ministérios: Meio Ambiente, Agricultura, Desenvolvimento Social, Transportes, Justiça, Minas e Energia, Cidades, Defesa, Ciências e Tecnologia, Integração Nacional, Desenvolvimento Agrário, Planejamento, Secretaria de Assuntos Estratégicos e Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Contou ainda com a participação de representantes dos nove estados da Amazônia, reunidos em um grupo de trabalho instituído com esta finalidade.

Ao reconhecer a diversidade complexa das diferentes áreas da região, a comissão interpretou a realidade da Amazônia a partir de 10 unidades territoriais - grandes áreas divididas por características semelhantes. Cada uma foi nomeada com a principal estratégia elaborada para a promoção de seu desenvolvimento, e o plano prevê ainda a recuperação dos passivos ambientais e reversão das trajetórias produtivas que provocaram impactos socioambientais.

Por exemplo, a unidade "Coração Florestal"- que corresponde a uma porção da floresta que é muito preservada - tem uma série de estratégias desenvolvidas para a defesa da área assim nomeada, o que prevê a utilização adequada deste território por meio da promoção de atividades produtivas, bem como a contenção da expansão das fronteiras da agropecuária e da extração de madeira predatórias, suas principais ameaças.

O Macro ZEE indica também um conjunto de dez estratégias gerais válidas para toda a Amazônia: reorganização e regularização fundiária; reconhecimento das territorialidades dos povos de comunidades tradicionais e indígenas e fortalecimento das cadeias de produtos da sociobiodiversidade; fortalecimento e criação de novas unidades de conservação; planejamento integrado da infra estrutura e da logística (cada obra a ser construída deve levar em consideração toda a região e os fatores econômicos e sociais das comunidades nela presentes) e contenção da expansão da agropecuária sobre ambientes vulneráveis - aqueles considerados importantes para a manutenção de recursos hídricos e da biodiversidade.

Os outros cinco pontos recomendados são o fortalecimento das redes de cidades localizadas na borda do coração florestal (onde serão criadas as condições para formação de recursos humanos e desenvolvimento da produção regional focada na bioprodução); das políticas públicas para pesca e aquicultura sustentáveis; organização de pólos industriais; exploração da mineração e energia de forma a sanar o passivo ambiental e valorizar o preço do produto na própria região e revolução científica e tecnológica para promoção do uso sustentável dos recursos naturais.

Desenvolvimento Sustentável - A primeira mudança gerada pelo Macro ZEE aconteceu na própria elaboração do documento, que foi feito em parceria entre 14 ministérios, estados amazônicos e sociedade civil. O processo permitiu a convergência de políticas públicas para as unidades territoriais em função das suas realidades e demandas. Isso possibilitou a melhor coordenação das ações dos governos federal e estaduais.

Um dos pontos centrais do documento preliminar também aponta o esgotamento do modelo baseado na expansão das fronteiras agropecuárias, e sugere sua substituição em prol da fronteira do capital natural, ou seja, atividades oriundas das riquezas naturais, como extração de produtos da biodiversidade, indústria madeireira certificada, ecoturismo, piscicultura e aquicultura.

Em alguns lugares, a agricultura não será suplantada, mas não será expandida. A orientação do ZEE é o uso mais produtivo e intensificado das áreas já abertas, que deve ser complementado com um programa de recuperação das diversas áreas degradadas.

Outro ponto importante do ZEE é a orientação da iniciativa privada em relação aos investimentos e planejamentos de suas atividades. Por exemplo, um setor que pretende ampliar suas atividades na área florestal deve seguir uma diretriz do ZEE que indica a melhor região de extração a ser incentivada e desenvolvida. O mesmo padrão serve aos demais segmentos econômicos.

A equipe de elaboração pretende aprovar o documento final durante a primeira quinzena de março,quando a proposta definitiva será encaminhada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, à sanção do presidente Lula.

De acordo com o diretor de Zoneamento Territorial do MMA, Roberto Vizentin, a elaboração da proposta do macrozoneamento no âmbito da CCZEE, com a participação dos estados, representou um "extraordinário esforço" para colocar a sustentabilidade no centro das discussões e do planejamento das políticas setoriais e territoriais para a Amazônia.

Vizentin ressaltou que a participação efetiva das unidades federativas permitiu o alinhamento entre as estratégias propostas pelo macrozoneamento e as perspectivas e prioridades presentes nos ZEEs estaduais.

Consulta Pública - Para acessar o documento preliminar do Macro ZEE da Amazônia, acesse a página www.mma.gov.br/zee. Os interessados em contribuir com críticas e propostas devem preencher o formulário que consta no site, que pode ser enviado pela internet, correio ou ser entregue diretamente no MMA. Informações complementares também podem ser obtidas no mesmo endereço eletrônico.

Calendário

* Início da consulta pública: 27 de janeiro
* Conclusão da consulta pública: 6 de março
*
Reunião da CCZEE para aprovação do documento final: 11 de março



http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/01/24/materia.2007-01-24.5532840735/view

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/01/25/materia.2007-01-25.3880995437/view

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/01/25/materia.2007-01-25.6039021197/view



Ministério do Meio Ambiente

www.mma.gov.br/zee

http://www.mma.gov.br/estruturas/225/_arquivos/fases_atividades_produtos2_225.pdf

http://www.mma.gov.br/estruturas/225/_imagens/rudy_225.jpg

sábado, fevereiro 06, 2010

Ambiental

Reparação de danos ao meio ambiente é imprescritível, diz ministra do STJ
A ministra Eliana Calmon ressaltou que a Constituição de 1988 confere natureza especial ao direito ao meio ambiente, uma vez que seu dano oferece grande risco a toda humanidade.

A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que pedido de reparação de danos causados ao meio ambiente é imprescritível, seguindo o voto da ministra Eliana Calmon. A decisão, dentre outras relatadas pela ministra em 2009, ocorreu no julgamento de recurso especial em ação civil pública com pedido de reparação por prejuízos materiais causados por particulares à comunidade indígena Ashaninka-Kampa do rio Amônia, no Acre. Os danos materiais e morais decorreram da extração ilegal de madeira (mogno e cedro) da área indígena.

A ministra Eliana Calmon ressaltou que a Constituição Federal de 1988 tratou de conferir natureza especial ao direito ao meio ambiente, uma vez que seu dano oferece grande risco a toda humanidade. Assim, o direito ao pedido de reparação de danos ambientais está protegido pela imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial a afirmação dos povos, independentemente de estar expresso ou não em texto legal.

Tanto o Tribunal de Justiça do Acre quanto o STJ mantiveram a condenação estabelecida em primeiro grau. Os dois particulares devem pagar indenização no valor de R$ 4,46 milhões que serão aplicados em benefício da comunidade indígena pela Funai. Também devem pagar R$ 5,92 milhões ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos a título de custeio de recomposição ambiental. O pedido de redução desses valores foi negado porque os recorrentes fizeram apenas alegações genéricas de que a quantia era excessiva, sem atacar especificamente os fundamentos adotados pelo juízo de primeiro grau.

Em outra ação civil pública, a primeira instância decidiu que o novo proprietário de imóvel que sofreu dano ambiental também é responsável pela reparação do dano, mesmo que ele tenha sido causado pelo antigo proprietário. A ação foi movida pelo Ministério Público de Goiás contra Furnas Centrais Elétricas S/A e Alvorada Administração e Participações S/A. O objetivo era recuperar a área degradada pela construção de usina hidrelétrica e obter indenização pelos danos causados ao meio ambiente.

Furnas recorreu ao STJ alegando que seria parte ilegítima no processo porque não foi a causadora do dano. A relatora, ministra Eliana Calmon, em mais um voto que se destacou em 2009, ressaltou que a responsabilidade por danos ao meio ambiente além de ser objetiva, é também solidária. Além disso, ficou comprovado que Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica. Com essas considerações, a Turma manteve a condenação das duas empresas, que devem reparar o dano. Por Ecoagência, 20/01/2010.




Justiça suspende exploração econômica de floresta nacional no Pará

Localização da FLONA Saracá-TaqueraA Justiça Federal suspendeu a licitação para exploração econômica da Floresta Nacional (Flona) Saracá-Taquera, que fica no oeste do Pará. A decisão foi tomada devido a presença de comunidades ribeirinhas e quilombolas na área compreendida pela floresta.

A floresta está localizada nos municípios de Faro, Terra Santa e Oriximiná. A suspensão só será cancelada se a União fizer a identificação e delimitação dos territórios das famílias quilombolas e ribeirinhas que ocupam a região e se o plano de manejo da floresta for revisto de forma a respeitar as áreas de todas as comunidades.

A suspensão do processo de concessão da exploração econômica da Flona Saracá-Taquera foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) no Pará, em novembro, mas só foi analisada na última semana. O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SBF), Antônio Carlos Hummel, ainda não recebeu a notificação da decisão, mas, caso não cumpra a determinação judicial, Hummel terá que pagar multa diária de R$ 50 mil.

O MPF no Pará informou, ainda, que a licitação foi iniciada sem que o território quilombola tivesse sido identificado e delimitado pelo órgão responsável, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Por Agência Brasil/29/01/2010.

MPF/PA quer parar atividades irregulares perto de reservas ambientais no Trombetas

Secretaria de Meio Ambiente do Pará permitiu retirada de areia e usina de asfalto perto de duas unidades de conservação sem pedir a autorização obrigatória ao chefe das unidades

A Secretaria de Meio Ambiente do Pará recebeu uma recomendação do Ministério Público Federal no estado (MPF/PA) para que cancele imediatamente as licenças concedidas para cinco empreendimentos econômicos nas proximidades da Floresta Nacional Saracá-Taquera e da Reserva Biológica do Trombetas, ambas no rio Trombetas, noroeste do Pará.

A recomendação dá prazo de dez dias para que as licenças sejam canceladas. Inicialmente, afetará quatro licenças concedidas à Mineração Rio do Norte para extração de areia, captação e uso de água subterrânea e uma em favor da Martop Construções Terraplanagem Ltda, para usina de asfalto móvel. As licenças são irregulares porque não houve o pedido de autorização obrigatório ao chefe das unidades de conservação, controladas pelo Instituto Chico Mendes.

O MPF/PA solicitou informações sobre outras licenças para atividades perto das unidades de conservação do Trombetas, mas não recebeu resposta do secretário de Meio Ambiente. Por segurança, a recomendação prevê também que quaisquer licenças na área de influência das reservas devem ser canceladas.

A recomendação alerta a Secretaria de Meio Ambiente que a autoridade que concede licenças em desacordo com a legislação ambiental está incorrendo em crime. No caso em questão, a legislação determina que, para licenciar qualquer empreendimento econômico num raio de dez quilômetros a partir dos limites das unidades de conservação, é exigida autorização.

A Flona Saracá-Taquera e a Reserva Biológica do Rio Trombetas são adjacentes e juntas compõem cerca de 800 mil hectares do bioma amazônico. Desde 2002 a gestão dessas unidades foi unificada, com uma chefia única e compartilhamento dos recursos humanos e materiais disponíveis.

De acordo com o ICMBio, entre as características da região está a forte presença de comunidades remanescentes de quilombos, que se distribuem ao longo do rio Trombetas. Fonte: MPF - Ministério Público Federal, 15/10/2009.

Justiça suspende exploração econômica de floresta nacional no Pará.

(Fonte: site ABDA).

Ambiental - Legislação

AUDIÊNCIA PÚBLICA
Aldo Rebelo debate hoje o Código Florestal

O deputado Aldo Rebelo é relator do projeto de revisão do código
ÉLISSAN PAULA RODRIGUES

O deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) volta a Roraima depois de dez meses de sua última visita, dessa vez para debater junto a parlamentares, autoridades e sociedade civil organizada o novo texto do Código Florestal brasileiro. Ele é relator do projeto que tramita na Câmara Federal, e deu entrevista exclusiva à Folha no final da tarde de ontem, quando chegou a Boa Vista. A audiência pública acontece hoje, a partir das 9h, no auditório do Instituto Euvaldo Lodi.

Conforme Aldo Rebelo, a comissão especial que analisa o Código Florestal vem realizando audiências por todo o país com o objetivo de colher o maior número possível de opiniões sobre como a lei influencia a vida das pessoas de modo geral, produtores e agricultores. “Estamos ouvindo autoridades, governo, gente ligada ao meio ambiente, órgãos ambientais, estados e municípios. E como relator, estou colhendo essas opiniões para procurar elaborar um relatório que contemple tanto a defesa do meio ambiente quanto da agricultura”, analisou.

Na opinião do parlamentar, é perfeitamente possível chegar a um texto que atenda as duas necessidades utilizando o bom senso. “Mais do que possível é necessário. Não podemos abdicar de nenhuma das duas preocupações. Tanto a questão ambiental quanto o desenvolvimento são importantes para a população e para o país”, ponderou.

Para isso, segundo ele, já foram promovidas dezenas de audiências, em pelo menos 20 estados diferentes. “O problema é que há uma parcela mais preocupada com o meio ambiente e outras com a economia e a produção. Já eu estou preocupado com as duas questões”, reforçou.

Ainda de acordo com o deputado, Roraima – devido suas especificidades - deve ter atenção especial na elaboração do projeto. “Tenho preocupação maior com Roraima por que já perdeu uma parcela importante de seu território por razão das questões indígenas e ambientais. Também acho que é preciso levar em conta os interesses de cada estado. Não podemos ter estados como São Paulo ou Paraná, cuja área foi totalmente destinada a agricultura, ou Roraima e Amapá cuja área está quase que completamente negada ao desenvolvimento e ao futuro do estado”, frisou.

As audiências, após realizadas em Boa Vista, seguem para o Piauí, Mato Grosso e Goiás. “Depois disso, vamos consolidar o relatório e apresentar até o mês de março”, comentou.

O texto deve ser votado na Comissão Especial e se for aprovado segue para plenário, onde vai precisar de maioria simples para ser aprovado.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 06 de fevereiro de 2010).

Fundiário - Indígena

PA NOVA AMAZÔNIA
Presidente do TRF quer suspensão de prazo para retirada de desintrusados

Jirair Meguerian: “Vou relatar a questão e levar ao ministro Ayres Britto”
LUANY DIAS

O desembargador Jirair Meguerian, presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, esteve na tarde de ontem na sede da Justiça Federal, no bairro Canarinho, em audiência com representantes da Procuradoria do Incra e três famílias desintrusadas da terra indígena Raposa Serra do Sol que ora ocupam área do Projeto de Assentamento Nova Amazônia I, na zona rural de Boa Vista. Na ocasião, Meguerian pediu à Procuradoria do Incra ampliação do prazo para estas famílias desocuparem a região. Ele também pretende levar a questão ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal (STF).

Também participaram da audiência, representantes da Procuradoria-Geral do Estado, Instituto de Terras de Roraima (Iteraima) e Ministério Público Federal (MPF). A reunião foi promovida tendo em vista o cumprimento parcial do mandado de reintegração de posse ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), determinado pela desembargadora Selene Maria de Almeida, do TRF, contra pessoas que ocupavam irregularmente a área do PA Nova Amazônia, realizado anteontem.

A ordem foi para que a desocupação ocorra no prazo de quatro dias, ou seja, até a próxima segunda-feira. A única exceção foi para o pecuarista Ailton de Melo Cabral, 66, remanescente da Raposa, que recebeu prazo de 15 dias para deixar a região. Nessa perspectiva, o desembargador sugeriu à Procuradoria do Incra que interrompa a ação proposta por um prazo de pelo menos 20 dias.

Segundo informantes que estiveram na reunião, o procurador Paulo de Tarso, chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) em Roraima, que representou o Incra, teria dito que não tinha autonomia para isso e teria que consultar representantes de Brasília. Mesmo assim, o desembargador também iria levar a questão ao ministro do STF, Ayres Britto, para tentar resolver a questão.

“A questão será levada a Brasília para suspender o prazo para a permanência das três famílias desintrusadas. Juntei na reunião todas as reclamações e documentação deles para levar à apreciação do ministro Ayres Brito. Aqui não vou resolver nada, só estou tentando resolver e a minha obrigação depende de Brasília”, resumiu Meguerian.

Ontem pela manhã, em entrevista à Rádio Folha, o desembargador relembrou que, quando coordenou a execução da decisão do STF, retirando os não-índios da região da Raposa Serra do Sol, foram feitos diversos acordos que foram assinados por representantes do Incra e Iteraima, que garantiam a entrega de áreas rurais aos desintrusados, porém o prazo para as famílias serem atendidas já foi expirado.

“Eles tinham me falado que estavam tendo dificuldades. O que eu sabia era que no caso, por exemplo, da região do Bonfim, havia dificuldade de acesso, mas o Iteraima disse que ia ser resolvido entre seis a oito meses e já vai completar um ano em abril que o pessoal saiu. Estou estranhando esses fatos que estão sendo levados ao meu conhecimento hoje [ontem] e eu marquei uma reunião na Justiça Federal para ver o que se pode planejar para sustar isso. A ideia não era deixar as famílias na rua” explicou.

DESINTRUSADOS - O pecuarista Ailton Cabral disse que aguarda a definição de um assentamento adequado para levar sua criação de animais que hoje se encontra no P.A Nova Amazônia. Ele contou que houve proposta para assentá-lo na região do Bonfim, mas reclamou que não havia uma estrutura básica para mudar-se para lá.

“Queriam me assentar no Bonfim, onde não tinha terra propícia, estrada, currais e casa. Fiquei um tempo em uma casa cedida por um amigo em Anaro [terra indígena] e então pedi para permanecer no PA Nova Amazônia. Os documentos tramitam sem solução. Fomos orientados a entrar judicialmente pelo Iteraima e já entramos com ação na justiça para reverter a situação porque não temos para onde ir”, contou.

Segundo informações do Iteraima, o órgão ainda precisa assentar 42 famílias desintrusadas da Raposa.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 06 de fevereiro de 2010).

Agrário - Justiça

Bom dia

AGRÁRIO
O juiz estadual Alcir Gursen De Miranda participou na última quarta-feira, dia 3, do Fórum de debates: Incra 40 anos – Reforma Agrária, Direito e Justiça, realizado em Brasília. No encontro foram definidos tópicos de trabalho para esse ano no sentido de resolver a questão agrária no Brasil. Participaram doutrinadores do direito agrário do país, técnicos do Incra e membros da sociedade civil organizada.

TÓPICOS
O primeiro ponto a ser trabalho, e que ficou definido como uma das metas, durante o Fórum de debates do Incra foi a função social da terra e suas consequências jurídicas. Em segundo lugar a posse agrária, seguida da justiça agrária. Para finalizar ficou definido como essencial o ordenamento fundiário, incluindo limitação e estrangeiros.

SEMINÁRIO
O tópico três delimitado pelo Fórum do Incra, que trata da Justiça Agrária, vai contar com a realização de seminário em parceria com o Conselho Nacional de Justiça, que também definiu como tema para discusão em seu Forum Nacional Fundiário. O juiz Gursen De Miranda foi indicado pelo Forum do INCRA para coordenar o evento.

SEMINÁRIO 2
A Academia Brasileira de Letras Agrárias em parceria com a Faculdade Atual da Amazônia realizará o XIII Seminário Internacional de Direito Agrário, que acontecerá em Boa Vista, entre os dias 19 e 21 de maio, e terá como tema: Direito ao Alimento. O evento terá apoio institucional do Conselho Nacional de Justiça e do Incra, e patrocínio do Governo de Roraima.

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista de 05 de fevereiro de 2010; http://www.folhabv.com.br/fbv/Editorias.php?Col=4).

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Fundiário - Indígena

PA NOVA AMAZÔNIA I
Tribunal reintegra área invadida ao Incra

Pertences de dois caseiros foram retirados e levados para uma fazenda próxima da área invadida

ANDREZZA TRAJANO

Ontem, oficiais de justiça cumpriram parcialmente mandado de reintegração de posse determinada pelo TRF (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em uma área de 3.200 hectares situada na gleba Murupu, no Projeto de Assentamento Nova Amazônia I, na zona rural de Boa Vista. A ordem partiu da desembargadora Selene Maria de Almeida. A medida foi acompanhada por técnicos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e agentes da PF (Polícia Federal), contra pessoas que ocupavam irregularmente a área. Os policiais estavam equipados com armas de controle de distúrbio, mas não houve confronto.

Foram expedidas 15 notificações pelos oficiais de justiça. Metade dos ocupantes estava na área e recebeu o documento. Nos demais, os oficiais abriram os imóveis, relacionaram as benfeitorias e deixaram a notificação dentro das habitações.

Ainda duas pessoas foram retiradas do local. Uma delas se identificou como caseiro do rizicultor Ivalcir Centenaro, desintrusado da terra indígena Raposa Serra do Sol. O outro se apresentou aos policiais como caseiro da mulher do presidente da Associação dos Excluídos da Raposa Serra do Sol, Edvan Silva. Os pertences de ambos foram levados em veículos do Incra para a fazenda de Silva, que é desinstrusado e já recebeu do Incra lote de quase 500 hectares naquela região.

Foi dado prazo de quatro dias para que os ocupantes irregulares removam todos os pertences e deixem o local. A única exceção foi para o pecuarista Ailton de Melo Cabral, remanescente da Raposa, que recebeu prazo de 15 dias para deixar a região.

Ele se negou a assinar a notificação e disse que vai resistir ao cumprimento da medida. Afirmou ainda que mantêm na área rebanhos de 400 bois, 100 cavalos e 70 carneiros e que não tem para onde ir.

Embora o Iteraima tenha se comprometido em reassentar o pecuarista, durante processo de desocupação da Raposa Serra do Sol comandado pelo presidente do TRF, Jirair Meguerian, o Incra afirmou que vai analisar a possibilidade de destinar imóvel rural ao pecuarista.

Além dele, Antônia Rodrigues, igualmente remanescente da reserva, ocupava irregularmente a área. Ela já foi atendida com uma casa em Boa Vista, no bairro Cidade Satélite, e com um lote no próprio Projeto de Assentamento Nova Amazônia I.

Ela alegou aos oficiais que o lote recebido não atende as necessidades da família, considerada numerosa, mas que deixará a região dentro do prazo estipulado.

O Incra informou que vai preparar toda a logística para fazer a desocupação da área dentro do prazo estipulado pela justiça. “A ação executada hoje [ontem] é um resultado positivo para o Incra no combate a ocupação irregular de terras destinadas ao programa nacional de reforma agrária”, informou a assessoria do órgão.

CONFLITO - O pedido de liminar foi feito à desembargadora pela Procuradoria Federal Especializada do Incra em Agravo de Instrumento após o juiz federal Atanair Nasser ter negado a reintegração de posse na Justiça Federal de Roraima.

Anteriormente, o Incra informou que naquela área será criado um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) para atender oito famílias indígenas da etnia macuxi que também ocupavam irregularmente o local.

Os indígenas pretendiam que esta região fosse englobada em uma possível ampliação da terra indígena Serra da Moça, que fica ao lado do projeto de assentamento. Entretanto, o STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu recentemente liminar favorável ao governo do estado determinando a manutenção dos assentamentos já realizados na área e proibindo o acesso de novos grupos indígenas ao local. A liminar vale até que o mérito da questão seja analisado pelo STF.

Outra possibilidade é que o Incra utilize a região para assentar famílias desintrusadas da Raposa Serra do Sol que ainda aguardam por lotes.

(Fonte: Jornal Folha de Vista, de 05 de fevereiro de 2010).

Ambiental - Fundiário

Área de preservação do Paraviana continua ocupada irregularmente


Já faz cerca de dois anos que populares invadiram uma Área de Preservação Permanente (APP) no bairro Paraviana e construíram barracos de madeira no local. Os ocupantes utilizam energia e água clandestina e constantemente depositam aterro nos arredores das moradias para evitar problemas com alagamento.

A invasão fica no final da avenida Augusto Cesar Luitgards Moura, antiga T-4, onde inclusive foi aberta uma trilha para dar continuidade à extensão da via. Conforme a Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas (SMGA), as pessoas que moram no local já foram autuadas por ocuparem uma Área de Preservação Permanente e a secretaria está aguardando a decisão da Justiça para que a área possa ser desocupada.

Segundo relatos de um dos invasores, a ocupação iniciou há cerca de quatro anos, embora moradores das proximidades do bairro afirmem que a invasão começou em 2008. Moram no local cerca de cinco famílias, que vivem em situação de pobreza, e não possuem instalações sanitárias. Além disso, os invasores improvisaram postes de madeira bem abaixo do tamanho padrão e fiação para puxar energia elétrica clandestina.

Ao ser entrevistado pela equipe da Folha, Américo Francisco da Silva disse que teria comprado de uma pessoa há quatro anos o barraco onde mora e tem ciência que se trata de uma área de preservação. Ele contou que aguarda que a Prefeitura o instale em outro local para que possa desocupar a área.

“O barraco é meu. Comprei por R$ 1 mil. Estamos aqui lutando e ninguém pode cortar mato por causa da área de preservação. Eu sou autônomo, recebo madeira de obras de construção, serro e vendo em padarias. Também faço limpeza em terrenos. Com isso, recebo uns R$ 500 por mês, mas não é sempre”, disse.

A Folha apurou que os invasores vivem em situação precária e há presença de crianças no local. Também são constantes os riscos de acidentes por conta da fiação elétrica irregular, alagamento no inverno e doenças que podem vir a ser provocadas pelas condições sanitárias desfavoráveis, além de dengue ou picada de cobras, por exemplo.

Um servidor público, que preferiu não se identificar, reclama que a construção dessas casas na área de preservação é crime e ainda desvaloriza o bairro, considerado como área nobre da cidade. Ele reforça que os poderes públicos devem estar mais atentos às invasões, principalmente em área ambiental.

“O pessoal chegou fazendo barraco de madeira e hoje já está construindo casa de alvenaria. Eles não são ‘coitadinhos’, são invasores e estão cometendo crime de invasão em área ambiental, causando prejuízos ao meio ambiente e desvalorizando a área. Quando chegar o inverno, vão reclamar para o município, Caer, Boa Vista Energia e alegar que são vítimas”, criticou.

SMGA - Ainda de acordo com a secretaria, as equipes de fiscalização se mantêm em alerta para evitar esse tipo de invasão de APPs, considerada crime ambiental. (L.D.)

(Fonte: Jornal Folha de Boa Vista, de 05 de fevereiro de 2010).